Editorial

O cuidado com o espaço público

Ao ser eleita para seu primeiro mandato, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) demonstrou ter percebido, dentre as inúmeras demandas que possui uma cidade do porte e complexidade de Pelotas, um sentimento que era comum à grande parte da população: a forma aparentemente desleixada como algumas ações do poder público costumavam ser executadas no Município. Mesmo obras importantes, de grande porte e com alto investimento, eram entregues com sinais de que algo não havia sido bem planejado, que não havia "encaixe" entre o que projetos e maquetes prometiam e o que era visto na prática. O mesmo se dava na prestação de alguns serviços de manutenção e organização da cidade. Captando essa sensação dos pelotenses, a prefeita passou a mencionar em suas manifestações, a cada inauguração ou intervenção do governo em espaços públicos, a palavra "capricho". Mais: definiu o capricho como um dos pilares de sua administração.

De fato, na comparação com outros tempos, tornou-se perceptível a mudança na forma de enxergar a cidade, suas necessidades de infraestrutura e de transformação dos espaços em ambientes mais acolhedores. Ainda que, como é natural e esperado, nem sempre o resultado agrade a todos.

Contudo, com o passar do tempo, à medida em que o termo "capricho" foi caindo em desuso nos discursos do Executivo, passou a ser mais perceptível pela cidade um retorno gradual de problemas antigos. Se não chegam a ocorrer na execução de obras, que seguem qualificando diferentes locais, se dão na manutenção e prestação de serviços. Exemplos podem ser vistos em diferentes ruas da cidade onde a vegetação toma conta de calçadas e meios-fios. Em muitos pontos, há meses. Prato cheio para insetos e parasitas. Na Redação do DP, são muitas as fotos recebidas todas as semanas, acompanhadas de relatos de pedidos de limpeza não atendidos. Algo difícil dos moradores compreenderem, pois acostumaram-se a ouvir que a grande dificuldade de eliminar o mato alto era a chuva, já que, quando executada a limpeza, em poucos dias o tempo virava e a vegetação voltava com força. Em tempos de estiagem e raras precipitações, qual seria a explicação para tanto mato?

Junto ao lixo acumulado em terrenos, aos fios pendurados em postes e placas - os quais o governo diz não ser responsável e não fiscaliza -, além de calçadas irregulares, canteiros e ciclovias quebradas, mobiliário urbano danificado e com reposição demorada, isso cria uma estética de abandono. Passa a sensação ao morador e ao visitante de que falta cuidado com Pelotas. Cuidado que, é claro, também depende de seus cidadãos. Mas, em grande parte, isso precisa de inspiração vinda do poder público. É o capricho. Um pilar simples, mas que adotado faz muita diferença.

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